Ai,ai que faltam menos de 30 dias

Não se aceitam reclamações! Durante umas semanas fiquei sem net. Durante as semanas seguinte esqueci-me que só tinha escrito o post no mail e nunca o tinha publicado. Primeiro porque para variar perdi alguma factura e consequentemente não a paguei e depois porque... olhem não sei, a net manda em nós e não o contrário e não há nada a fazer.

Algumas das aldeãs estão a passar por uns desafios emocionais de alta competição. Pela minha história em sofrimentos esmagadores, posso dizer-vos que a única forma de virmos à tona é chorar até não podermos mais, mesmo depois de percebermos que as pessoas à nossa volta já se cansaram do nosso sofrimento e já acham que é altura de o enterrar (e acreditem, há um ponto em que não conseguimos mesmo chorar mais). Mas depois disso, e esta é a parte importante, é decidirmos para nós que já não faz mais sentido continuar a dedicarmo-nos àquele estado de homenagem ao sofrimento.Passa um ponto em que sentimos que já desabafámos tudo mas temos a tendência para sentir dificuldade em abandonar o sofrimento por acharmos que se o fizermos estaremos a desonrar o que vivemos e sentimos pela pessoa perdida, seja de que forma for essa perda. Pois o que eu tenho a dizer é que honramos a pessoa nos actos com ela, não depois dela, e honramos a relação com as memórias de tudo de bom que foi vivido. Por vezes há a tendência de encarar a perda da pessoa como se se perdesse tudo o que já foi vivido e a memória dessas vivências. mas são essas que devem permanecer na nossa mente e devemos ser capazes de nos libertar das outras (abraços não dados, palavras não ditas). Depois podemos, de tempos a tempos e por uns momentos saudáveis, deixar-nos invadir pela nostalgia e chorar calmamente. Mais uma vez, para isso tudo ser possível há que passar pelo choro descontrolado até ao vazio. E no vazio não tens mais vontade de chorar. Aliás, é natural que durante algum tempo, talvez muito tempo, não sei, não tenhas mais vontade de chorar nem de sofrer. Que percas quase toda a paciência para isso. Falo por mim, não tenho pachorra para dedicar-me ao sofrimento de seja o que for e cheguei à conclusão que não tenho de me sentir culpada por isso. Cada coisa tem o seu tempo, e só cada um de nós sabe a forma como respeitamos os nossos sentimentos e os dos outros sem ter de estar constantemente a prová-los a alguém. Pronto, quase chorei no Ágora, mas apenas porque é um filme extraordinário com uma temática que mexe muito comigo.

Passando à estupidificação. Falei-vos do nervoso miudinho de há umas semanas atrás. Já passou essa fase. Agora é a da excitação pura! E agora é a loucura das listas de Things to do before I leave. Ora tenho de comprar um IPOD porque estou sem carro e sem música no carro e corria o risco de enlouquecer. Portantos já cá canta, juntamente com uma capinha fofa fofa de silicone macia e uma cena para meter o dito cujo no punho enquanto a miúda corre desalmadamente. Depois a menina percebe que vai morar no estrangeiro e que se quer manter a pele macia e livre de pelos sem ir à falência precisa de comprar uma máquina depiladora que funcione. Feito. E experimentado. Fiz o que nunca imaginei fazer - depilei virilhas com ela e olhem que nem uma lágrima derramei. Ou foi a excitação ou esta máquina vai tornar-se a minha melhor amiga (a verdade é que nunca nenhuma mulher me tocou com tanta intimidade, por isso esta relação promete!). Ai que preciso de uma mala discreta para o meu mini PC porque vou calcorrear as ruas de Barcelona em busca de wireless e não quero suscitar desejos de furto (doutras coisas admito reconsiderar). Ok, cara que doeu, mas é excelente para o PC e parece mesmo uma carteira a tiracolo e ainda lá posso enfiar tudo o que costumo enfiar na minha caveirinha redonda (que a maioria de vós não conhece mas fez um sucesso e tanto no aeroporto de Genève!). Mas o grande, grande dilema era arranjar uma mega mala de viagem que não fosse mega cara. No entretanto já imaginava que a prenda de natal da minha mãe seria essa coisinha sem sal, mas entretanto descobri o 5º império e sabe-se lá quando vou adquirir uma mega mala dos chineses por 29 euros. Parece-me bem! Curiosamente a prenda de Natal da minha mãe transformou-se numa viagem de passagem de ano em Paris...o Universo tem uma forma sinuosa e brilhante de me mostrar que eu tenho muita, muita sorte!!
E tenho andado mais calminha. Tirando a parte que das coisas realmente importantes que deveria andar a fazer, ainda não fiz nem uma, está tudo certo. Leia-se, ainda quase não olhei para o dicionário e afins que melhorem e apoiem o meu espanhol (serviu para engatar o greg e empatizar com a angéles, mas os catalães não se contentam com pouco. Já sei que sobrancelha é CEJA, portantos está tudo controlado), estadia ou emprego nem vê-los, cada dia tenho uma perspectiva diferente sobre que quarto prefiro (estava inclinada para o de uma bissexual com cão grande e gato gordo, mas depois há outros dois engraçados por menos 70euros mas quarto menor - choices,choices) e a Karen, que é a boss das bosses lá do burgo já me telefonou e parece-me que simpatizámos (leia-se, não meti a pata na poça e não me engasgei, até parecia que sabia mesmo hablar castellano). Mas o que é que isso importa, afinal? Eu estou calma e excitada, o que prova peremptoriamente que tenho tudo controlado (de certeza que estou mais orientada do que a mia antes de partir e com ela não podia ter corrido melhor!!!).

Ademais...Recordam-se certamente da ordem da Rute,né? Pois então, o indivíduo a quem eu com muitíssimo gosto atiraria contra a parede e chamaria lagartixa, dá-me nos nervos! Este é possivelmente o único homem à face da terra que eu pura e simplesmente não entendo, nada, nadinha do que vai naquela cabeça. Não é do género: é estranho, misterioso, esquizofrénico,..., eu pura e simplesmente não consigo adivinhar qualquer pensamento, atitude ou motivação. E é uma canseira. Entretanto aconteceu aquela confusão à filme que vocês sabem em que eu percebi que sou como um gajo, Deus existe e castigou-me por isso!!!
Por outro lado, quem disse que apenas as baratas sobrevivem a catástrofes nucleares não conhece os poderes regenerantes de um certo e determinado vegetal de polpa escarlate. Há poucas coisas simultaneamente tão simples, satisfatórias e raras como um beijo delicioso. Vá, há outras coisas nele que me satisfazem, mas estava a dar uma de romântica...

Cusquice de casa de banho: eu que até ja devia estar habituada ao descaramento dos brasileiros, não páro de me surpreender. Um dia destes a malta foi a uma festa brasileira na via, que normalmente está sempre apinhada de erasmus e afins e o ambiente costuma ser muito descontraído (nomeadamente porque um colega nosso arranja-nos bebidas à pala). Era uma daquelas noites em que a malta está em grupo a dançar à vontade, eis senão quando passa uma música especial e a Madagui me puxa para o meio e segundos depois um rapaz agarra-me para dançar e ainda antes de eu conseguir pensar se queria ou não dançar já ele me tinha espetado um beijo na boca!! Mas não era o género americano "estou tão bêbado que meto dó", era mais o "sou tão descarado que te vou beijar. se pegar pegou". E tinha o seu poder argumentativo, mas eu não estava para aí virada, por isso tive de fugir e pedir ao boss que fizesse de meu marido (tínhamos combinado que ora servia de irmão ou de amigo de acordo com a conveniência).
Quanto a despedidas, espero fazer todas as que puder. A festa de natal do Holmes no Estado Novo foi brutal, Coimbra arrasou lá, somos um grupo unido e toda a gente dançou e pulou que nem loucos. Vou ter mesmo muitas saudades desta malta. A única preocupação era dançar e rir, exactamente o tipo de noite que me dá gozo. Como diz uma miúda que colabora com o Holmes, tornei-me uma rameira do social, vou a todas, ou pelo menos, planeio ir:)